A MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta enviou às forças políticas candidatas às eleições autárquicas de 2017 nos 24 municípios portugueses com mais de 100 mil habitantes*, um inquérito questionando-as acerca das suas políticas e propostas para a mobilidade em bicicleta.

Tal como no trabalho desenvolvido aquando das eleições legislativas de 2015, pretende obter-se e dar-se a conhecer aos cidadãos a posição de cada força política, nestes municípios, sobre questões prementes da mobilidade sustentável, mobilidade em bicicleta e redução do perigo rodoviário. É também objectivo do inquérito, descrever e divulgar as políticas e propostas concretas que desejam implementar durante a próxima legislatura autárquica, 2017-2021, no sentido de “devolver” as áreas urbanas às pessoas e promover a utilização da bicicleta no respetivo município.

As respostas, assim como a sua ausência, serão publicadas durante a Semana Europeia da Mobilidade, que decorre entre 16 e 22 de Setembro.

A utilização da bicicleta como meio de transporte é uma realidade cada vez mais presente em Portugal, em especial nas áreas urbanas. As deslocações de bicicleta são uma forma de potenciar o crescimento e sustentabilidade do país, com claros benefícios para os cidadãos, a saúde pública, o ambiente e a economia.

Apesar da existência de directivas e programas de financiamento europeu para a mobilidade activa e sustentável, e dos objetivos e compromissos do governo português também nesse sentido, a responsabilidade de implementar com sucesso, ou não, medidas conducentes ao aumento da mobilidade urbana em bicicleta é fundamentalmente das autarquias.

A MUBi considera que é tempo dos municípios apostarem corajosamente em formas ativas de mobilidade, das quais a bicicleta é um exemplo, e de proporcionarem às populações que servem, redes abundantes de vias cicláveis e parqueamentos adequados para velocípedes, redução do volume e velocidade do tráfego motorizado em meio urbano e do perigo rodoviário, medidas de promoção, divulgação e apoio da mobilidade activa, contribuindo para uma maior qualidade de vida para todos.

 

Há dados sobre a realidade Portuguesa que se constituem como incentivo para os municípios assumirem compromissos transparentes, mensuráveis, atingíveis e aplicáveis em tempo útil. Destacamos os seguintes:

– Estima-se um aumento médio de utilização da bicicleta na UE de 7,4% para 15% entre 2014 e 2020;

– Estima-se a criação de riqueza e emprego dos atuais 655.000 empregos associados à bicicleta para mais de 1 milhão de empregos;

– Estima-se a criação (na Europa) de 200.000 novos empregos que serão gerados na área do cicloturismo, uma área pouco desenvolvida em Portugal e com grande potencial de crescimento;

– A indústria portuguesa da bicicleta é a maior exportadora de bicicletas da Europa, exporta anualmente €315 milhões, com elevado valor acrescentado e é uma forte fonte de criação de emprego para o país: Portugal é o 3º maior produtor de bicicletas e acessórios da Europa, e um dos 10 primeiros do mundo;

– Os fundos comunitários disponíveis para o apoio ao setor da mobilidade ativa (andar de bicicleta e a pé) representam mais de €2 mil milhões no quadro comunitário 2014-2020;

– A utilização da bicicleta contribui para maior eficiência e autonomia energética em Portugal. Um terço de toda a energia consumida pelo país é utilizada em transportes, 99,8% de origem em combustíveis fósseis, na locomoção de automóveis;

– A utilização da bicicleta contribui o cumprimento das metas ambiciosas acordadas no Protocolo de Paris em 2015, e Marraquexe em 2016;

– A utilização regular da bicicleta está associada a diminuição significativa do risco de doenças cardiovasculares e diversos tipos de cancro.

 

*Almada, Amadora, Barcelos, Braga, Cascais, Coimbra, Funchal, Gondomar, Guimarães, Leiria, Lisboa, Loures, Maia, Matosinhos, Odivelas, Oeiras, Porto, Santa Maria da Feira, Seixal, Setúbal, Sintra, Vila Franca de Xira, Vila Nova de Famalicão, Vila Nova de Gaia.

6 Responses to Autárquicas 2017 – Inquérito sobre Políticas e Propostas para a Mobilidade em Bicicleta

  1. Miguel Costa diz:

    Viva.

    Onde poderemos consultar os resultados para o município do Porto?

  2. Carlos Teixeira diz:

    Bem Hajam! Aguardo atentamente a publicação das respostas nos grupos Massa Crítica de Lisboa e Mobilidade Sustentável.

  3. Rui Igreja diz:

    A MUBi é uma associação constituída na sua totalidade por voluntários.
    O critério de municípios com mais de 100 mil habitantes (são 24 municípios) prende-se com a disponibilidade para o trabalho envolvido neste inquérito, nomeadamente: recolha de contactos, contactos com as forças políticas, recolha e tratamento das respostas, publicação das respostas.
    Se pensarmos que em cada dos 24 município haverá em média 4-5 forças políticas candidatas às eleições autárquicas, será fácil ter uma ideia do volume de trabalho envolvido.

    • LUIS B. diz:

      Pois faço ideia, sim: um trabalhão. O critério dos 100000 é que exclui por exemplo Viseu (+ de 99000); Valongo (+ de 93000); Viana (+ de 88000; Paredes (+ de 86000) e assim por diante. Escolher um “número redondinho” (qualquer que seja) é um critério objectivo para o fim em vista? Claro que não. É o humanamente possível? Você diz que sim e eu acredito.
      Mas em relação à mobilidade em bicicleta tenho visto autarquias com muita vontade de fazer e mesmo com obra já feita, nalgumas das que ficam fora das 24 maiores. Não sei se a essas (se não às forças políticas – por impossibilidade prática – pelo menos aos colectivos actualmente em exercício), deram conhecimento desta vossa iniciativa. É que justificando o critério utilizado, como agora o Rui Igreja fez, será bom para que não sintam que foram excluídos pela “aritmética” ou que, nalguns casos, possam considerar uma desconsideração ou uma injustiça não lhes reconhecerem o trabalho já feito.

  4. LUIS B. diz:

    Boa tarde a todos,
    Dificilmente alguém poderá discordar dos argumentos apresentados e do mérito e utilidade do envio às forças políticas, de um inquérito relativo à mobilidade. Pela minha parte só não sei o porquê do critério dos 100 mil habitantes. Na verdade, todas as autarquias referidas confinam com muitas das restantes. Talvez se possa (ou deva) aproveitar para sensibilizar todos os candidatos de todos os municípios, pois seria bom que existisse coordenação geral quer no que respeita a transportes públicos, quer na construção ou ampliação de vias cicláveis e pedonais (embora as limitações orçamentais possam ser bem diferentes, claro). Mas não será mais proveitoso que uma rede de ciclovias do concelho X, se ‘ligue’ à rede de ciclovias do concelho Y que lhe é contíguo e para onde muita gente se desloca? E o mesmo não é válido para uma carreira de autocarros que, na ausência de coordenação, acaba a 500m do terminal de autocarros do concelho limítrofe?

    • Rui Igreja diz:

      A MUBi é uma associação constituída na sua totalidade por voluntários.
      O critério de municípios com mais de 100 mil habitantes (são 24 municípios) prende-se com a disponibilidade para o trabalho envolvido neste inquérito, nomeadamente: recolha de contactos, contactos com as forças políticas, recolha e tratamento das respostas, publicação das respostas.
      Se pensarmos que em cada dos 24 município haverá em média 4-5 forças políticas candidatas às eleições autárquicas, será fácil ter uma ideia do volume de trabalho envolvido.

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