A Mobility Lab publicou recentemente este artigo onde explica porquê que os Dinamarqueses e Holandeses escolhem utilizar a bicicleta nas maior parte das suas deslocações diárias.
Curiosamente as razões são exactamente as mesmas pelas quais nós escolhemos utilizar o carro:

Ir de bicicleta é fácil e rápido.

Nesses países um percurso de A a B é normalmente mais directo de bicicleta que se for feito de carro. Isto torna as deslocações em bicicleta mais rápidas que as de carro. Os transportes públicos permitem transporte de bicicletas e/ou têm estacionamento para as mesmas permitindo conjugar facilmente bicicleta e transporte público na maior parte das deslocações.

 

Créditos: www.copenhagenize.com

Autocarro com suporte para bicicletas no Funchal

Ir de bicicleta é prático.

As cidades têm redes cicláveis que permitem a qualquer um deslocar-se em bicicleta de A a B de forma segura. Não é necessário planear trajectos que evitem vias rápidas urbanas ou avenidas com múltiplas vias de trânsito onde as velocidades máximas raramente são respeitadas. O medo da convivência com o automóvel deixa também de existir.

Vias cicláveis em Copenhaga

Uma avenida em Copenhaga

Ir de bicicleta é versátil.

Há estacionamento por todo o lado. Vais para uma zona pedonal? Há estacionamento perto. Vais ao supermercado? Há estacionamento à porta. Vais para um destino mais distante? Há estacionamento junto à estação, ou podes simplesmente levar a bicicleta nos transportes públicos.

Estacionamento junto a zona de restauração em Copenhaga

Transporte de bicicletas num comboio em Copenhaga

Pode pensar-se que Amesterdão ou Copenhaga já nasceram assim e que a cultura da bicicleta é uma tradição que vem de longe. Na realidade na décadas de ’60 e ’70 as coisas eram bem diferentes.
Também se pode pensar que “lá é tudo plano e por isso é que andam de bicicleta”, mas estaríamos a esquecer-nos das duras condições climatéricas onde não é raro a existência de neve e gelo nas ruas e ventos extremamente fortes, algo que não acontece em grande parte do território nacional.

Para além disso nestes países faz parte integrante do sistema de ensino público aprender a andar de bicicleta em contexto urbano. Na Holanda as crianças de 12 anos têm de fazer um teste de condução de bicicleta. Na Dinamarca as crianças começam a aprender a andar de bicicleta a partir dos 3 anos.

Não é portanto correcto dizer que os Dinamarqueses e Holandeses não gostam de carros. Os motivos que os leva a preferirem a bicicleta são os mesmos que levam os Portugueses a preferir o carro: é a forma mais fácil e prática de nos deslocarmos. Em Portugal ir de carro é fácil e prático porque as cidades estão desenhadas para que conduzir seja fácil e prático. Mas há outros meios de transporte que também o podem ser. Veja-se a popularidade que o sistema de bike sharing de Lisboa está a ter e a incrível transformação que se deu em tão pouco tempo na zona entre o Saldanha e o Campo Grande, onde antes de haver rede ciclável não se via ninguém a deslocar-se em bicicleta, e hoje são às centenas os que o escolhem fazer diariamente.

No fundo, a forma que escolhemos para nos deslocarmos é condicionada pelas opções tomadas pelos decisores políticos. Enquanto estes não perceberem que a melhor forma de nos deslocarmos não é necessariamente de carro, muita gente irá continuar formatada para a utilização do carro, e naturalmente nem dará conta de que existem outras opções melhores e mais benéficas para todos.

Uma das missões da MUBi é apresentar estas opções aos decisores políticos. Encontramos-nos disponíveis para colaborar e dar o nosso contributo para que todos tenhamos cidades e cidadãos com mais qualidade de vida.