A MUBi, Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, repudia totalmente a mais recente posição do Sr. Carlos Barbosa, presidente do ACP e representante-mor do lobby automóvel em Portugal.

Apesar de Lisboa não ter ainda entrado na nova era da mobilidade onde o ênfase está nas pessoas e não nas máquinas, onde os transportes públicos, o andar a pé e as bicicletas têm um lugar mais central, tem havido algum esforço em prol da utilização da bicicleta na cidade.

Não contente com o tremendo espaço que o automóvel ocupa na cidade de Lisboa, o Sr. Carlos Barbosa decide pegar na bicicleta e usá-la como arma de arremesso contra o presidente da Câmara, António Costa, de quem obviamente não gosta, por razões que pouco ou nada têm a ver com a bicicleta.

Depois da campanha de sensibilização “o-peão-é-que-se-atira-para-debaixo-dos-carros” o Senhor Barbosa acha que foi um erro de mobilidade, por terem sido eliminados alguns lugares de estacionamento numa avenida em Lisboa para alargar um passeio, onde se incluiu uma ciclovia. É óbvio que o presidente do ACP, quer transformar uma instituição que devia merecer todo o respeito no partido-dos-carros e pensa que todos os lisboetas e sócios do ACP não vêm muito para além do seu automóvel.

Entrámos numa nova era de mobilidade e ter carro é cada vez menos uma aspiração central dos Lisboetas. O que o cidadão quer é acessibilidade real e há muito que o carro deixou de ser competitivo dentro das cidades.

A MUBi quer que Lisboa deixe de ser uma cidade para os carros e passe a ser uma cidade para as pessoas, sejam ciclistas, peões, utentes de transportes públicos e até automobilistas, mas com uma integração equilibrada, justa e solidária.

Quanto ao cliché das sete colinas, informamos ainda que as bicicletas, tal como os automóveis,  também têm evoluído e há modelos adequados a todo o tipo de utilização, inclusive algumas que se podem facilmente ser utilizadas em combinação com outros meios de transportes.

Apesar do Sr Barbosa ter parado no tempo, a vida evolui fora do automóvel e para saber mais, basta abrandar, abrir a janela e observar. O cidadão multimodal, responsável e até sócio do ACP exige mais perspicácia e inteligência do seu presidente.

3 Responses to Barboseiras

  1. Se o ridículo matasse

    Se o ridículo matasse o presidente do ACP estaria neste momento numa unidade de cuidados intensivos lutando pela sobrevivência, com prognóstico bastante reservado.

    Não sou sócio do ACP, já fui e deixei de ser por razões fortuitas, mas encarava a ideia de me voltar a associar ao clube, só não o tendo feito anteriormente por falta de tempo e de disponibilidade.

    Porém, depois de ter lido as infelizes declarações do presidente do clube ao DN de 14-9-2011 sobre o ciclismo na cidade de Lisboa, que me deixaram indignado, parece-me remota a hipótese de aderir a uma associação com tal dirigente.

    Já tenho lido/ouvido declarações do Dr. Carlos Barbosa sobre a situação dos automobilistas portugueses, que, embora algo fundamentalistas e exageradas, me pareciam ainda assim toleráveis, pois tudo indicava que no fundo eram tributárias de uma atitude reactiva às constantes agressões à bolsa e à paciência dos automobilistas.

    Enganei-me.

    O fundamentalismo e exagero das suas declarações, compreendo agora, são o resultado da sua incompreensão do papel do automóvel na mobilidade e na satisfação das necessidades das pessoas.

    O automobilista não tem que ser inimigo de ninguém, nem dos peões, nem dos ciclistas, nem de quem quer que seja – aliás, 99% dos ciclistas e peões têm automóvel, só que talvez não o usem destemperadamente como outros o fazem.

    Muitos deles serão certamente sócios do ACP e deverão estar tão desagradados como eu com as palavras do presidente do clube.

    Na verdade, se há crítica a fazer às ciclovias de Lisboa é o de serem poucas e pouco extensas, muito embora se deva reconhecer o esforço da autarquia lisboeta para reganhar o tempo perdido, sendo de realçar o excelente trabalho que tem feito nos dois últimos anos nesse campo.

    Por outro lado, têm-se multiplicado pela cidade os parques automóveis subterrâneos e a céu aberto, com ampla capacidade instalada e praticando preços aceitáveis, por isso é absolutamente incompreensível que o presidente do ACP se queixe da falta de lugares de estacionamento provocada por esta ou aquela pista de bicicleta.

    A mobilidade dos cidadãos faz-se da conjugação harmónica da utilização do carro, da bicicleta, dos transportes públicos e dos circuitos pedonais, que desejavelmente deverão articular-se entre si por forma a oferecerem às pessoas as alternativas mais úteis em cada momento.

    Assistimos hoje entre nós, felizmente, a um forte movimento de retorno à circulação em bicicleta e para se compreender a importância e profundidade desse movimento não é preciso ir à Holanda ou à Dinamarca, basta ver cidades aqui ao lado em Espanha (Valência, Barcelona) onde há ciclovias em todo o lado e onde os automobilistas têm um pouco mais de respeito por ciclistas e peões.

    O presidente do ACP não compreende isto; não compreende que ao atacar o ciclismo urbano está a desrespeitar centenas/milhares de sócios do ACP que para além do automóvel também usam a bicicleta; não compreende que a nossa sociedade dispensa bem declarações de guerra e precisa de apaziguamento e bem estar, com rigoroso respeito do direito à diferença; nem sequer compreende que a ciclovia da Rua Marquês de Fronteira, sendo uma subida acentuada, também é uma… descida – sentido muito usado por quem entra na zona central de Lisboa vindo da zona de Monsanto; não compreende que o automóvel não é um objecto de culto, é apenas uma lata com 4 rodas e um motor que enche a cidade de gases, provoca poluição, prejudica a saúde das pessoas e é fonte de despesa muitas vezes desnecessária; não compreende que muitos automobilistas deliberadamente deixaram o seu carro parqueado ao pé de casa e se deslocam a pé ou de bicicleta com mais mobilidade, boa disposição, procurando uma boa forma física e redescobrindo a cidade onde vivem de uma forma que seria impossível o automóvel proporcionar – e poupando despesa, coisa que para um gestor deveria ser de primordial importância, em especial nos tempos que correm.

    O presidente do ACP não sabe que actualmente as bicicletas têm mudanças e que é possível fazer subidas sem um esforço exagerado – e ao referir-se às 7 colinas revela a sua falta de informação sobre a conformação da cidade de Lisboa, que é em boa parte um planalto e que só em alguns locais (Castelo, Bairro Alto) exige ao ciclista uma boa forma física, o que não acontece em muitos outros (Alvalade, Avenidas Novas, São João de Deus, Telheiras, Campo Grande, Parque das Nações, zona ribeirinha, etc.) – isso mesmo vem demonstrado na tese de mestrado do Engº Paulo Guerra dos Santos (Engenheiro Civil, Projectista de Vias de Comunicação) – projecto “100 dias de bicicleta na cidade de Lisboa” (http://100diasdebicicletaemlisboa.blogspot.com/ ) sob o tema “Plano Integrado de Mobilidade para Ciclistas na cidade de Lisboa”.

    Pensará o presidente do ACP que o meu testemunho e de tantos outros e que a aludida tese de mestrado são só pura e simples propaganda ?

    Que “lata” (não, desta vez não me estou a referir ao seu BMW ou Mercedes topo da gama…) !

    Decididamente é um homem do passado que não compreende o essencial do seu papel – e que com as suas tiradas coléricas e exasperadas agride e prejudica não só os seus consócios do ACP como toda a comunidade que o clube era suposto servir.

    O ridículo não mata, mas desmoraliza, e muito.

    Enfim, bom senso, precisa-se, e o presidente do ACP tem idade e estatuto para não dizer publicamente a primeira barbaridade que lhe perspassa nas meninges.

    Francisco Bruto da Costa

  2. Niagara diz:

    Por estas e por outras do mesmo calibre deixei de ser sócio do ACP.

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