A MUBi exige uma cidade de Lisboa segura para todas as pessoas. Cabe à Câmara Municipal e Juntas de Freguesia, sem mais delongas, agir rapidamente para alterar os resultados da sinistralidade. O medo de lidar com a insatisfação de alguns não pode ser maior do que a responsabilidade de impedir que pessoas continuem a ser mortas.

Em Fevereiro de 2020, o filho de Nuno Rogeiro foi brutalmente atropelado na Cidade Universitária. Em Julho do mesmo ano, mais uma pessoa foi fatalmente atropelada em frente ao edifício da Câmara Municipal de Lisboa, no Campo Grande. A jovem atravessava com uma bicicleta pela mão, numa passadeira, com sinal verde para o peão, quando foi colhida por um carro. Foi organizada uma vigília que contou com a participação de centenas de pessoas em homenagem à jovem e exigindo o direito a uma cidade segura, com zero vítimas.

Fotografia da vigília de Julho de 2020 – “STOP velocidades excessivas, autoestradas nas cidades, atropelamento de inocentes /  PELO DIREITO DE ANDAR A PÉ E DE BICICLETA EM SEGURANÇA”

Em Março deste ano, houve mais um atropelamento fatal, na Avenida da República. Um homem de 61 anos foi atropelado na passadeira por um motociclo.

Recentemente, mais uma pessoa foi atropelada, ao atravessar de trotinete numa passagem para velocípedes. Foi colhida por um carro e teve de ser transportada para o hospital. Este atropelamento aconteceu à entrada da rotunda Jardim Eduardo Prado Coelho, nos Olivais, na proximidade de 3 escolas: uma secundária, uma básica e uma creche. Não foi o primeiro atropelamento ocorrido nesta zona, mas exigimos que seja o último. Esta rotunda tem 8 passagens perigosas e é paradigmática do que acontece pela cidade: uma infraestrutura que potencia e convida a velocidades assassinas e que não combate sistematicamente o excesso de velocidade com medidas de acalmia de tráfego.

No início de Abril, sete pessoas, entre as quais um bebé de seis meses, ficaram feridas na sequência de um sinistro rodoviário, que envolveu um autocarro da Carris e três viaturas ligeiras, na Rua Arco do Carvalhão, em Campolide.
Este tipo de tragédias que se acabou de descrever é inaceitável numa cidade do século XXI.  São tragédias humanas que se descobrem nos jornais ou redes sociais, o que só por si é lamentável, porque as estatísticas e ocorrências deveriam continuar permanentemente disponíveis online para consulta pública, como já estiveram. Cabe à Câmara Municipal de Lisboa e às Juntas de Freguesia assumirem a responsabilidade da sua cidade, serem transparentes e alinhar nas soluções técnicas que estão ao seu alcance para alterar rapidamente os resultados da sinistralidade.

Acções agora, sem mais delongas, sem receios nem medos!

Continua a existir por parte do Município uma enorme falta de vontade política em desencorajar o uso do carro em Lisboa, em reduzir as velocidades dos veículos motorizados, em inverter a usurpação do espaço urbano pelo automóvel e distribuí-lo mais equitativamente, e em dignificar e proteger os utilizadores mais vulneráveis do espaço público. 

30 km/h, com medidas de acalmia de tráfego
É impreterível limitar a velocidade máxima de circulação urbana para 30 km/hora, com medidas físicas de acalmia de tráfego. A sinalização rodoviária (horizontal e vertical) tem somente como função a sinalização de trânsito e transmissão das regras que se aplicam. Do ponto de vista de garantia de acalmia de tráfego tem efeito nulo, não impede mortes.

Segurança nas intersecções
É absolutamente necessário trabalhar a segurança nas interseções. É incompreensível como o Município de Lisboa continua a cometer falhas técnicas tão graves e que podem custar vidas.

Impedir o estacionamento abusivo
É imprescindível impedir o estacionamento abusivo, que obriga o peão a colocar-se muitas vezes em perigo, e que limita a visibilidade de outros utilizadores da via pública. Situações como as da Av. Gago Coutinho e da Tapada da Ajuda, com legalização do estacionamento em cima no passeio por parte da Câmara Municipal de Lisboa, são vergonhosas e completamente inadmissíveis. Ruas como a do Arco do Carvalhão, onde foram feridas sete pessoas, e muitas outras em Lisboa, continuam a permitir um excesso de espaço para estacionamento em detrimento da dimensão dos passeios e excessos de velocidade, sem medidas físicas de acalmia de tráfego.

O medo de lidar com a insatisfação de alguns não pode ser maior do que a responsabilidade de impedir que pessoas continuem a ser mortas. A cidade não é para morrer, é para viver. 

Em Fevereiro de 2019, a MUBi foi convidada para fazer parte do Conselho Consultivo do Plano Municipal de Segurança Rodoviária (PMSR). Respondemos com entusiasmo e em Março desse ano participámos na primeira reunião do Conselho Consultivo onde nos foi apresentada a Visão Zero para a Cidade – uma reivindicação da MUBi desde a sua fundação há 11 anos! Infelizmente, desde essa data, o Conselho Consultivo nunca mais reuniu e nunca mais fomos consultados, nem nada se sabe sobre o progresso e implementação do PMSR (que tinha um prazo de realização de um ano).

O mesmo sucedeu com o Plano de Acessibilidade Pedonal. Depois de participarmos na sua elaboração e em frequentes acções de participação e auscultação, e de termos assistido com entusiasmo a algumas obras de acalmia de tráfego, não há qualquer indicação prática de que esteja a ser implementado ou revisto.

Até quando a Câmara Municipal de Lisboa e as Juntas de Freguesia vão ser coniventes com os atropelamentos na cidade? Não chega dizer que se ambiciona zero mortos, é preciso actuar. 

Queremos uma cidade segura para todas as pessoas, hoje!

A MUBi fará uma ronda de reuniões com todas as forças políticas para conhecer que compromissos os/as candidatos/as à Câmara de Lisboa assumem para salvaguardar a vida e como se propõem a construir uma cidade segura, sem medo da defesa dos modos activos.

Exigimos que o próximo executivo camarário crie um fórum alargado de participação formal, regular e transparente sobre a segurança dos modos activos, projectos de acalmia de tráfego e incentivo dos modos a pé e em bicicleta.
 

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