A MUBi esteve presente no Velo-city 2023 que decorreu de 9 a 12 de Maio na cidade alemã de Leipzig, sob o mote “Leading the Transition”. Participámos naquele que é o maior encontro mundial  de especialistas em mobilidade sustentável para apresentar o Cidade Ciclável: Mais Mulheres a Pedalar. Este projeto da MUBi visa criar uma plataforma colaborativa online, para disponibilizar informação específica que promova a mobilidade em bicicleta junto das mulheres e outras populações consideradas vulneráveis.

A nossa intervenção ocorreu no dia 9, inserida na sessão 3.1 com o tema Gender equality: closing the gap, num painel com presença de pessoas de cinco nacionalidades diferentes, que apresentaram casos diversos relacionados com as realidades dos seus países.

Frente a uma plateia bem composta, tratou-se sobretudo de uma conversa em que começámos por enquadrar o peso de um regime opressivo conservador na história recente de Portugal, e a forma como os efeitos perduram até hoje no modo como as mulheres vivem o espaço público. Foram mencionados alguns dados que mostram como ainda vivemos numa sociedade desigual — na distribuição das responsabilidades domésticas, logo à partida —, e as consequências dessa desigualdade no desenho do espaço urbano, no comportamento e nas decisões tomadas, e no acesso a uma mobilidade mais sustentável.

Houve ainda oportunidade para abordar as mudanças pelas quais a própria MUBi passou nos últimos anos, também em busca de mais representatividade feminina, e como isso se refletiu nas ações e da associação. Entre outras mudanças de paradigma —como a adoção de uma linguagem mais inclusiva e um esforço para que exista uma maior percentagem de mulheres nos Órgãos Sociais — essa transição deu origem à criação de um grupo de trabalho especificamente para abordar as questões de género e garantir uma maior representatividade.

O projecto +MAP, que obteve financiamento do programa VoxPop, está a ser desenvolvido neste contexto, a fim de colocar ao dispor das mulheres que usam ou pretendem usar a bicicleta informação sobre os percursos e minimizar os obstáculos.

Foram bem identificadas, durante as várias participações no Velo-city, as diversas barreiras que dificultam o acesso das mulheres à mobilidade em bicicleta. No entanto, constatou-se também que existem muitos outros obstáculos diferentes, consoante as geografias, que impedem diversos grupos minoritários de se deslocarem mais facilmente de bicicleta. 

No fundo, é essencial que as mudanças rumo a uma melhor mobilidade nas cidades considerem e manifestem o facto de a maior parte da população não ser do tipo homem branco de meia-idade e sem limitações de mobilidade.

Além deste e de muitos outros painéis com activistas, consultores, empresários e decisores políticos, este grande evento mundial da mobilidade em bicicleta também era composto por diversos espaços promocionais. Muitas empresas aproveitaram para apresentarem os seus produtos e serviços, como parqueamentos para bicicletas, produtos de demarcação rodoviária, aplicações de recolha de dados, cadeados, e muitos outros.

As soluções existem e, frequentemente, o que falta é a vontade para as implementar e provocar a mudança que os tempos exigem.

Os 7 principais obstáculos ao uso da bicicleta por parte das mulheres:

1) não saber andar de bicicleta;
2) responsabilidades domésticas e com crianças;
3) discriminação de género no contexto da mobilidade em bicicleta;
4) falta de acesso a bicicleta;
5) assédio sexual;
6) insegurança rodoviária;
7) acesso a infraestrutura.

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