Um estudo publicado hoje pela Aliança Europeia de Saúde Pública (EPHA na sigla original) revela que a poluição do ar custa por ano a cada habitante de Lisboa 1159 Euros, e à cidade – este ano Capital Verde Europeia – anualmente 635 milhões de Euros. No Porto os custos anuais da poluição do ar para cada habitante são de 950 Euros, e para a cidade de 226 milhões de Euros. Em termos de percentagem do PIB de cada cidade, o custo da poluição atmosférica, é no entanto, mais alto no Porto, 4.5%, em comparação com os 3.9% de Lisboa.

O estudo confirma que a poluição do ar afecta a nossa saúde, mas também sobrecarrega toda a sociedade com enormes custos. O relatório “Health costs of air pollution in European cities and the linkage with transport” também encontra evidências de que as políticas de transporte influenciam de modo decisivo os níveis de poluição do ar nas cidades.

O relatório apresenta ainda dados de outras cinco cidades portuguesas, situando os custos anuais de saúde resultantes da poluição do ar em cada cidade entre os 598 Euros por habitante em Coimbra e os referidos 1159 Euros em Lisboa, e entre os 2.6% do PIB da cidade no Funchal e os 4.5% no Porto.

O estudo quantificou o valor monetário das mortes prematuras, dos tratamentos médicos, dos dias de trabalho perdidos e de outros custos de saúde causados pelos três poluentes atmosféricos que causam mais doenças e mortes, partículas em suspensão (PM), ozono (O3) e dióxido de azoto (NO2). Nas sete cidades portuguesas analisadas (Coimbra, Faro, Funchal, Lisboa, Porto, Setúbal e Sintra), estes custos ascendem a mais de 1,4 mil milhões de Euros anualmente.

Os autores alertam, ainda, que os custos calculados provavelmente se tornarão mais altos se os custos da Covid-19 forem adequadamente incluídos. As co-morbidades aparecem proeminentemente na mortalidade de pacientes com Covid-19, e entre as mais importantes estão aquelas associadas à poluição do ar. A má qualidade do ar tende a aumentar a mortalidade dos casos de Covid-19 e, portanto, os custos sociais da má qualidade do ar podem ser maiores do que os estimados no estudo.

Os autores deixam as seguintes recomendações a decisores locais e nacionais:

RECOMMENDATIONS
What the report tells us

– Reducing air pollution in European cities should be among the top priorities in any attempt to improve the welfare of city populations in Europe.
– As car ownership and journey times to work tend to be positively correlated with higher levels of air pollution, national and city level governments have an important role to play in influencing transportation habits and thus improving air quality through transport policies.
Transport policy decisions affecting urban mobility should also take into account the social costs.The social costs should also be assessed when calculating the transition of urban mobility from the internal combustion engine to zero emission alternatives, including e-mobility.
– More detailed research is needed on the relationship between local transport policies and air pollution. Transport policies which improve air quality can have co-benefits for public health if they also stimulate increased physical activity such as walking or cycling.
– Improving the network of monitoring stations in cities is necessary so that a more accurate relationship between human health and air pollution can be assessed. Without a systemic and uniform way of measuring air pollution the related social costs may be being seriously underestimated.

Estas preocupações tem sido repetidamente expressas pela MUBi. E, várias das recomendações foram, ao longo dos anos, muitas vezes feitas chegar a decisores políticos nacionais e locais, nomeadamente no que respeita à necessidade de:
– políticas e estratégias de mobilidade mais holísticas e abrangentes, que tenham simultaneamente em conta questões como a saúde pública, o risco rodoviário e o uso mais eficiente do espaço urbano;
– redução do espaço e da pressão do automóvel nas cidades, devolvendo-as às pessoas;
– medidas e acções consequentes de apoio e estímulo aos modos activos de deslocação;
como forma de tornarmos as nossas cidades mais seguras, saudáveis, resilientes e sustentáveis.

Comments are closed.