A palavra liberdade tem uma música especial. Profusa de significados e memórias, múltipla em ritmos e tons. Uma música que ocupa diversos espaços, de formas variadas e dinâmicas.

O direito à mobilidade foi uma das liberdades individuais a consagrar-se no mundo ocidental, no âmbito dos direitos civis, no século XVIII. Os direitos políticos surgem um século mais tarde.

Está consagrada na nossa Constituição, fruto da revolução de Abril (art. 48.º), a participação na vida pública que envolve “tomar parte na vida política e na direcção dos assuntos públicos do país”, “o direito de ser esclarecidos objectivamente sobre actos do Estado e demais entidades públicas e ser informado pelo Governo e outras autoridades acerca da gestão dos assuntos públicos”.

A MUBi tem trilhado caminhos para exercer estes direitos e para que o seu acesso seja universal. Focamo-nos em cidades, pois nestas nascemos e vivemos, e na mobilidade em bicicleta, pois valorizamos o movimento do corpo humano. Se a política é a vida da polis, o movimento é o engenho da vida.

Os sistemas de tomada de decisão sobre a vida pública são guiados pelos pressupostos que cada comunidade política assume, relativamente ao que deve ser a sociedade e que futuro se quer construir. Podendo orientar-se ora para a mudança social — em prol da ampliação da justiça social, ou ao contrário, em prol da sua redução (ex.: ideologias fascistas e nacionalistas) —, ora para manutenção da ordem social, das desigualdades e dos privilégios estabelecidos.

A MUBi defende a mudança no sentido da justiça social e da liberdade. Liberdade de movimento, liberdade de pensamento, liberdade de expressão. Garantia de protecção social, nomeadamente de políticas públicas que assegurem a igualdade, a equidade e a solidariedade. 

Os direitos associados à solidariedade, afirmados a partir da viragem do milénio, incluem a manutenção de um ambiente saudável, o foco no desenvolvimento sustentável e na paz. Para nós, a música da liberdade evoca tais cenários, de espaços urbanos vivos, em harmonia com os seus valores ecológicos, em que a protecção da fruição da cidade por todas as pessoas (e outros seres vivos) e a defesa da mobilidade activa são efectivas prioridades, e onde a participação cívica é um elemento basilar dos sistemas de tomada de decisão sobre a coisa pública.

Os 50 anos do 25 de Abril são um momento único para reivindicar todos estes direitos e liberdades.

Viva a mobilidade em Liberdade!


Reivindicando especificamente o direito à participação na vida pública, a MUBi colabora na Campanha Mais Democracia da Extinction Rebellion (XR). Esta campanha visa uma maior espessura na nossa democracia através de uma maior representatividade popular, nomeadamente pela criação de Assembleias Cidadãs.

No 1.º de Maio, no Porto, em colaboração com a Associação Cultural Macaréu, com a XR Portugal, o Grupo BioPorto e o Centro Vida Independente, a MUBi dinamizará uma Assembleia Comunitária. Sob o mote O que fazer para que esta rua seja nossa?”, esta Assembleia é dirigida à vizinhança da área entre a Rua João das Regras e a Praça da República. Acontecerá frente à Macaréu, onde a partir das 15:00 teremos várias actividades culturais e recreativas, com o início da Assembleia previsto para as 18:30, seguida de um jantar.

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