No dia 8 de Julho, a MUBi participou no festival EcoolFest, nos Jardins do Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto — um local onde ainda existe parte do antigo Velódromo Rainha Maria Amélia, fundado pelo Velo Club do Porto, em 1893.

Participámos numa mesa redonda sobre Mobilidade Sustentável, na qual partilhámos ideias com Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Álvaro Costa, professor associado da FEUP, e Aquiles Pinto, da Sociedade Comercial C. Santos Lda.

Alertámos para a centralidade da mobilidade na nossa relação com o mundo, a centralidade que assume nas nossas vidas e a sua transversalidade societal, que exigem uma mudança urgente de políticas e de práticas em Portugal e, particularmente, no Porto.

Manifestámos ainda ao vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Filipe Araújo, a disponibilidade da MUBi em dialogar com a CMP.

Como habitualmente, ao sábado, organizámos a Oficina Bicircular, em parceria com a delegação Norte da FPCUB, desta vez neste local histórico.

A mobilidade enquanto fenómeno social – uma reflexão

1. A centralidade da mobilidade na nossa relação com o mundo (espaço-tempo (dimensões cultural e socioeconómica) que habitamos

Os modos pelos quais nos deslocamos têm impacto e socio-espacial: emissões de gases com efeito de estufa; poluição na produção dos veículos; danos à infraestrutura e ocupação do espaço.

O impacto dos meios de mobilidade nas nossas sociabilidades e a relação emocional com a natureza e com o espaço urbano. A este propósito, relevar que o automóvel é um contexto fechado, privado, que de certo modo reproduz a habitação privada do agregado familiar; enquanto a bicicleta é aberta aos elementos, à paisagem e ao encontro, às dinâmicas das sociogeografias dos lugares

2. A importância da mobilidade nas nossas vidas

O modo como nos movemos define o ritmo e a qualidade do ritmo das nossas vidas, a qualidade do tempo passado na cidade, com a cidade e com as pessoas com quem nos deslocamos, nomeadamente filhos e outros familiares. Que emoções nutrimos parados no trânsito? Que emoções queremos propagar?

3. Transversalidade societal da Mobilidade

Os modos pelos quais nos deslocamos relacionam-se essencialmente com necessidades de produção (trabalho), Consumo; Saúde, Educação, Lazer (que inclui Cultura, Desporto, Turismo, Socialibidades, etc).

Não sendo eficiente e aprazível o modo dominante de deslocação – a automobilidade – todas essas áreas são afetadas, todos os setores seguem este padrão dominante que provoca ineficiência e efeitos negativos significativos em todos eles. Nomeadamente, devido ao congestionamento que dificulta acessibilidades, atrasa serviços e o cumprimento de horários letivos e de trabalho; aumenta custos, aumenta emissões, que por sua vez afetam negativamente a saúde pública, sobrecarregando o SNS, provocando também mais poluição sonora que diminui a concentração e a capacidade de raciocínio. A automobilidade favoreceu a expansão urbana que foi condição de reprodução deste padrão de mobilidade, gerando entre outros efeitos, a proliferação de centros comerciais que prejudicaram o comércio local. Ao mesmo tempo, o estacionamento ilegal e a logística urbana em veículos automóveis dificultam a acessibilidade ao comércio local, contribuindo para o congestionamento e para a sinistralidade rodoviária e a insegurança dos mais vulneráveis, alguns dos quais, particularmente pessoas que usam cadeira de rodas, ficam assim privados do seu direito à cidade, dada a necessidade de se protegerem, restringindo a sua mobilidade.

Alguns registos para memória futura

“A bicicleta é…”
“Se não, porquê?”
Panorâmica
“A mobilidade é…”

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