Legislativas de 2015: A Bicicleta no Programa Eleitoral – Respostas dos Partidos Políticos
No passado dia 29 de Abril a MUBI lançou um inquérito aos partidos políticos no sentido de obter a posição de cada um relativamente à implementação de políticas que “devolvam” as cidades às pessoas, promovendo a utilização de meios de transporte alternativos ao automóvel, com particular ênfase na mobilidade em bicicleta. O inquérito foi elaborado no sentido de procurar suscitar reflexões internas sobre o tema e/ou colmatar eventuais lacunas existentes nos respetivos programas eleitorais.
A crescente utilização da bicicleta como meio de transporte é uma realidade cada vez mais presente em Portugal, em especial nas áreas urbanas. As deslocações de bicicleta são uma excelente forma de potenciar o crescimento e sustentabilidade do nosso país, com inúmeros benefícios para os cidadãos, a saúde pública, o ambiente e a economia. Os efeitos positivos e multiplicadores em diversas áreas geradoras de emprego, de competências e de riqueza, e questões sociais foram referidos no inquerito aos partidos, e que recordamos aqui:
- A indústria da bicicleta representa €315 milhões em exportações portuguesas, com um valor acrescentado e criação de emprego elevado para o país: Portugal é o 3º maior produtor de bicicletas e acessórios da Europa e está entre os 10 primeiros do mundo;
- Os fundos comunitários disponíveis para o apoio ao setor da mobilidade ativa (andar de bicicleta e a pé) representam mais de €2 mil milhões no quadro comunitário 2014-2020;
- Considerando uma estimativa de aumento médio de utilização da bicicleta na UE de 7,4% para 15% entre 2014 e 2020, estima-se a criação de riqueza e emprego dos atuais 655.000 empregos associados à bicicleta para mais de 1 milhão de empregos, dos quais 200.000 novos empregos serão gerados na área do cicloturismo, uma área onde Portugal manifesta grande atraso por um lado, mas enorme potencial por outro;
- A utilização da bicicleta como meio de transporte urbano contribui para uma maior rentabilidade no comércio e na restauração local, melhorando o ambiente e a qualidade de vida das populações, dinamizando as áreas urbanas e criando mais oportunidades de emprego;
- A utilização da bicicleta como meio de transporte contribui para uma redução das importações de petróleo e dos respetivos derivados, contribuindo para um melhor desempenho da balança comercial do país;
- A utilização da bicicleta leva a uma maior eficiência e autonomia energética de Portugal.
- A utilização da bicicleta leva à redução de carbono e da pegada ecológica nacional.
Neste documento reproduzimos as políticas de todos os partidos no que se refere à utilização da bicicleta, indicando as respostas recebidas até dia 7 de setembro. Após o resumo apresentamos também as respostas completas que cada partido enviou à MUBi. Além do inquérito, e devido à diversidade de abordagem e tipo de respostas recebidas, referimos a informação verificada nos respetivos programas eleitorais no que concerne a políticas favoráveis à utilização da bicicleta e proteção dos utilizadores mais vulneráveis.
Conclusões
Tal como é possível observar pelo inquérito desenvolvido pela MUBi, é inegável a importância que os temas da segurança rodoviária e dos modos ativos conquistaram nas agendas políticas dos diversos partidos, sobretudo em relação a anos transatos. Ambos os temas estão intrinsecamente ligados, uma vez que só num ambiente rodoviário seguro a opção por uma mobilidade a pé ou em bicicleta estará acessível e será uma verdadeira opção a uma grande fatia da população.
Os partidos políticos que responderam ao inquérito reconheceram também, no geral, as enormes vantagens económicas, sociais e ambientais que significa uma mais vasta adoção de modos ativos de mobilidade, em detrimento do modo motorizado particular. Verifica-se a aceitação de que a bicicleta faz parte da solução, e que esta passa pela existência de um leque abrangente de opções de mobilidade, que se complementam e completam.
No entanto, exprimimos um otimismo moderado, já que, por vezes, este reconhecimento não se traduziu em propostas e prazos concretos, nem na maior parte dos casos na quantificação de recursos que pretendem disponibilizar para levar a cabo essas propostas. A abordagem que os partidos políticos fazem ao tema da mobilidade em bicicleta é na maior parte dos casos vaga e demonstra a necessidade de aprovar e implementar um plano como o CiclAndo (cujo início de implementação estava marcado para 2013 e ficou na “gaveta”), de forma a que sejam explícitas propostas, calendarização e orçamentos com os quais se possa concordar ou discordar.
Consultar documento completo (pdf).
One Response to Legislativas de 2015: A Bicicleta no Programa Eleitoral – Respostas dos Partidos Políticos
Leave a Reply Cancel reply
Nós precisamos de ti
Contribuir
Tags
Acalmia de tráfego actas de reuniões ANSR assembleia da república Assembleia Geral Aveiro bicicleta bicicultura Bike Buddy Clima cml comunicados COVID-19 código da estrada Direção ECF eleições encontros ENMAC ENMAP Europa eventos governo incentivos intermodalidade investimento Lisboa mobilidade mobilidade activa modos activos modos suaves MUBi notícias notícias MUBi Orçamento do Estado política Porto projectos projectos em monitorização projectos europeus relatórios segurança rodoviária transportes públicos Velo-city VOCAArchives
Face às respostas dos partidos dadas a este inquérito promovido pela MUBi e às primeiras pedaladas de hoje – 23 OUT 2015 – na Assembleia da República, parece que iremos ter um pouco menos de poluição nas ruas. Mais bikes, claro, embora ainda sem maioria absoluta…