Os finais de ano e, portanto, de ciclo, são geralmente propícios a balanços. Na MUBi, os balanços são, por norma, incompletos — pois que tanto fica sempre por fazer, quando comparado com as expectativas de que se faça sempre mais e melhor. Para este balanço, queremos também refletir processos — sabemos que não podemos dar passos maiores do que as pernas. Trabalhamos para que Portugal se aproxime das recomendações europeias e dos países que tiveram a coragem de criar, alterar ou fazer evoluir a sua cultura, legislação e investimento na mobilidade sustentável. Continuando a desenvolver-nos, envolvendo mais gente, nunca desmoralizamos. Queremos fazer esse caminho! Vens por aqui?

O ano de 2023 começou com boas notícias, a nível nacional — a descida do IVA nas bicicletas que foi uma proposta prioritária da MUBi para o OE2023; a nível europeu a resolução do Parlamento Europeu que reconhece a bicicleta como transporte de pleno direito

Iniciámos o ano com novos desafios. No projeto Cidade Ciclável – Mais Mulheres a Pedalar, trabalhámos para a inclusão do fator de género na relação das pessoas com a cidade através do desenvolvimento de uma aplicação e entrevistas com mulheres que usam a bicicleta. No projeto Erasmus + Safe Cycle 4 Kids, começámos a colaborar com organizações da área do desporto e organizações promotoras da mobilidade urbana em bicicleta, de cidades na Grécia, Croácia, Eslováquia e Sérvia, para desenvolver formação na utilização segura da bicicleta com crianças e seus encarregados de educação.

Neste ano, no âmbito da atualização do Plano Nacional de Energia e Clima 2030, incitámos o governo a definir metas para a redução do uso do automóvel; criticámos a oportunidade perdida no Plano de Recuperação e Resiliência; alertámos o Governo e a Assembleia da República  sobre a Recomendação da Comissão Europeia que orienta e impulsiona o desenvolvimento de programas nacionais de apoio ao planeamento da mobilidade urbana sustentável por parte dos Estados Membros. Apresentámos ao Governo e partidos na Assembleia da República um conjunto de 16 medidas prioritárias para o OE 2024, incluindo o reforço substancial de recursos para as estratégias nacionais para os modos activos (ENMAC e ENMAP).

Em Maio, colaborámos na organização do VI ENGPMUB, em Matosinhos, onde tivemos oportunidade de partilhar experiências, de montar uma exposição com ilustrações da Gabriela Araújo alusivas à bicicleta e fotografias de usos de bicicleta no Grande Porto, noutras épocas, e ainda de explorar a área central da cidade, discutindo problemas e soluções para a mobilidade urbana.

Em Junho, celebrámos o Dia Mundial da Bicicleta com várias iniciativas presenciais, no Porto, em colaboração com outras organizações, entre as quais a ESE-IPP, o MEL e a FPCUB-Porto. Organizámos também o Webinar Portugal ao Volante: História de uma dependência com a investigadora Maria Luísa de Sousa da Universidade Nova de Lisboa.

Neste mês, celebrámos também o 14.º aniversário da MUBi, felicitando todas as pessoas que têm feito a MUBi existir. 

Tivemos oportunidade de colaborar numa reportagem esclarecedora sobre a circulação em bicicletas e os muitos mitos associados e num episódio do programa Bioesfera sobre a mobilidade nos centros urbanos.

Em Setembro, participámos na 20ª edição do Simpósio Cycling and Society, em Dublin. A nossa partilha, intitulada “Rocking the Boat on still waters: experiences of activism within the Portuguese national strategy for cycling mobility.”, causou bastante perplexidade, quando afirmámos que esta política nacional, no quinto ano de execução, não tem qualquer orçamentação e calendarização das suas medidas

Em Lisboa, reclamámos por medidas de segurança efectivas, protestámos contra políticas retrógradas que dão mais espaço ao automóvel em vez de às pessoas — caso da Avenida da Liberdade — e agimos activamente em defesa da Ciclovia da Avenida de Berna.

De Setembro a Novembro, organizámos uma ação de âmbito nacional de sensibilização para a sinistralidade e violência rodoviárias, por ocasião do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada promovido pela Estrada Viva. Nesta iniciativa participaram associados/as e parceiros/as da MUBi das cidades de Almada, Braga (Braga Ciclável), Coimbra (Coimbr’a Pedal), Lisboa, Matosinhos e Porto. As ações de sensibilização concretizadas em Coimbra, e em Lisboa, Matosinhos e Porto, ficaram registadas neste vídeo cuja mensagem pretendemos continuar a propagar e discutir publicamente.

Enquanto seres humanos somos movidos por emoções, enquanto coletivo somos alimentados por ideias e ações de pessoas, pelas relações entre pessoas, por isso, continuaremos a reforçar o envolvimento de associados/as e parceiros, à escala nacional.

2024 não será o ano Europeu da Bicicleta, pois a Comissão Europeia não considerou o momento atual adequado para corresponder à solicitação da ECF e de 33 dos seus membros.  A nível nacional, enfrentamos também incertezas e turbulências, estando previstas eleições legislativas em Março. 

Na newsletter de Abril de 2023, a então recente direção partilhou uma mensagem, da qual neste momento gostaríamos de reiterar: 

Vamos continuar a pedalar para que [a bicicleta] seja considerada, na medida do seu efetivo potencial transformador, pelos decisores políticos e responsáveis institucionais, e que os velocípedes, nas suas múltiplas formas e funcionalidades, estejam acessíveis a todos e todas que deles queiram usufruir.

Em 2024 contamos contigo!

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